segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

António Ramos Rosa

Amo o teu túmido candor de astro

a tua pura integridade delicada
a tua permanente adolescência de segredo
a tua fragilidade acesa sempre altiva
Por ti eu sou a leve segurança de um peito
que pulsa e canta a sua chama
que se levanta e inclina ao teu hálito de pássaro
ou à chuva das tuas pétalas de prata
Se guardo algum tesouro não o prendo
porque quero oferecer-te a paz de um sonho aberto
que dure e flua nas tuas veias lentas
e seja um perfume ou um beijo um suspiro solar
Ofereço-te esta frágil flor esta pedra de chuva
para que sintas a verde frescura
de um pomar de brancas cortesias
porque é por ti que vivo é por ti que nasço
porque amo o ouro vivo do teu rosto

sábado, 7 de janeiro de 2012


Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com uma outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela.

Percebe também que aquele alguém que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente não é o "alguém" da sua vida.

Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você.

O segredo é não correr atrás das borboletas... é cuidar do jardim para que elas venham até você.

No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!

domingo, 11 de dezembro de 2011

ESTRELA DA TARDE

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
... Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram

Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!




ARY DOS SANTOS

sábado, 10 de dezembro de 2011

PODERIA........

Poderia libertar-me do peso do mundo nos teus braços;
poderia tirá-lo de cima de mim, atirá-lo para o outro lado
da casa, para algum canto escondido; e poderia
ficar contigo, na leveza do teu corpo, ouvindo
o cair do tempo nalgum relógio invisível.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

DESPERTARES

A alma, o corpo e a razão
sentiram-se abraçados,
docemente,
como há muito não lhe acontecia
Desde então,
ela não mais se afastaria,
como se fizesse parte dele,
sem pressão nem posse.
Seu tronco tornou-se forte
e, na sua frondosa copa,
as folhas assumiram aquele tom
verde de esperanças e de certezas
contrastando com o vermelho
de um fruto amadurecido
Enquanto a seiva lhe fervilhava,
as raízes acordaram resolutas
no seio do húmus da terra


Saudades De Alguém

_Saudades, um pedacinho de emoção dentro da gente...

Um pedacinho de outra pessoa dentro de nos

Uma voz, um olhar, um toque.

De repente uma angústia.

Saudade do que não fez, ou daquela vez.

Saudades... Das coisas, do lugar, da pessoa...

De um beijo, de um carinho, daquele jeito diferente...

Ou do sorriso, de repente...

Saudades de alguém...

Saudades de você.