domingo, 11 de dezembro de 2011

ESTRELA DA TARDE

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
... Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram

Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!




ARY DOS SANTOS

sábado, 10 de dezembro de 2011

PODERIA........

Poderia libertar-me do peso do mundo nos teus braços;
poderia tirá-lo de cima de mim, atirá-lo para o outro lado
da casa, para algum canto escondido; e poderia
ficar contigo, na leveza do teu corpo, ouvindo
o cair do tempo nalgum relógio invisível.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

DESPERTARES

A alma, o corpo e a razão
sentiram-se abraçados,
docemente,
como há muito não lhe acontecia
Desde então,
ela não mais se afastaria,
como se fizesse parte dele,
sem pressão nem posse.
Seu tronco tornou-se forte
e, na sua frondosa copa,
as folhas assumiram aquele tom
verde de esperanças e de certezas
contrastando com o vermelho
de um fruto amadurecido
Enquanto a seiva lhe fervilhava,
as raízes acordaram resolutas
no seio do húmus da terra


Saudades De Alguém

_Saudades, um pedacinho de emoção dentro da gente...

Um pedacinho de outra pessoa dentro de nos

Uma voz, um olhar, um toque.

De repente uma angústia.

Saudade do que não fez, ou daquela vez.

Saudades... Das coisas, do lugar, da pessoa...

De um beijo, de um carinho, daquele jeito diferente...

Ou do sorriso, de repente...

Saudades de alguém...

Saudades de você.
Há um lugar.

Há um lugar
onde todos os gatos são pardos,

todos os beijos amargos

e um bolero tristemente arrastado

a emoldurar o cenário.



Por lá servem da mais pura aguardente

e todos os colos são quentes.

Sangue, suor e saliva

a compor pesadamente o ambiente.



Há um lugar

onde portas e janelas vivem trancadas,

e, ainda assim, as pessoas não percebem

que o ar saturado vicia

e nem o tamanho do estrago.



Por lá todo veneno goteja,

e as células do meu corpo contaminadas,

e a morte, a arrumar minhas malas,

diz: hora de partir!



Há um lugar

onde minhas feridas serão tratadas,

minha inquietude apaziguada,

e nada será como era antes,

pois se eu não me engano:

sêmen e semente trarão redenção ao pecado

e o ventre de uma mulher amada

há de me acolher.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Saboreio de teu mel, essê...ncia,
pele vestal sempre revirgem.
... E me atordoa em tom de canto,
e me alevanta na tua urgência.

Fora de ti - entrando mim - teu sal
sabor de ti ecoa, me cobre - manto -
me faz origem do teu encanto
que me descobre tão animal!

Volto ao deslizar, ao doce toque,
sensações novas nos teus seios,
prazer sensorial - e quanto - que
amo rever tua pele em arrepios,

o desfazer de teus cabelos
até que te desfaças lago
e percas direção ou senso;
sem norte, noção, horizonte...

Por linhas e marcas, linhas
intocadas de sol, te estonteio:
levo-te leve ao desalinho
de montes a monte; saboreio.

Ardentes ritmos! E já te deixo
como em ouvir línguas estranhas
em sons de rio rolando seixos,
já no ouvir, já nas entranhas...

até que eu te sinta tonta, revolta,
perdida em tuas águas e me busques
- afogo - para além dos meus afagos.
Esqueço que enrijeço de teus truques...

Como te quero fogo, querida, querente
Como... querendo loucura agora
- Mas... que me procure fremente
pois não é minha, mas tua a hora.

Como me perco em teus bosques,
como te perco em meus toques
- e imploro que implores!
Em danças de notas - musicais -

qual pauta da melodia
enquanto o dia raiando
risca de giz a fímbria
da aurora, como ao teclado

- piano, piano - urgente enleio
voam poesia dos teus quadris.
Ardis que enlaçam, esses meneios:
- suave requebro alçando vôo!

Na pressa de teus arfares,
no arfar de choque - recontro -
nos haustos febris dos desejares
és arco! Lança-te a meu encontro...

Amo-te.
Na forma de leveza tão intensa das coisas que se amam
como o teu sorriso
o desenho dos teus lábios que traço com os meus dedos
ou talvez com a minha língua.
A mesma que finge ceder perante a tua
para logo serenamente te vencer, nua.
Amo-te.
Como se amar-te fosse a última coisa a fazer
num mundo imperfeito e em ruínas
com prédios desabando pelas esquinas
das manhãs hirtas e geladas
procurando destino nas flores por nascer.
Amo-te.
Na forma de leveza tão intensa das coisas simples sem história
que se desdobram em insustentáveis carícias e, assim
nos levam em espanto ascendendo ao céu.
Amo-te.
Na forma de leveza tão intensa e peremptória
que não promete fim
enquanto fores minha e quiseres que seja teu

sábado, 3 de dezembro de 2011

O Ato!!!!!

O Ato Nossos corpos se abraçam, as mãos se entrelaçam. Nos olhos o desejo, nas bocas que se unem a ânsia dos beijos. A respiração se entrecorta. Minhas mãos acariciam seu corpo, que responde ao meu em busca da posse. Meus seios, nas suas mãos, duas taças que transbordam o vinho do prazer. Suas mãos, as minhas...caminham entre nossas pernas, buscando passagens secretas. A fenda que umedece, se abre, recebe o falo ereto que penetra, mete, arremete, se inunda de louco prazer... Minha voz num sussurro, tenta eliminar seu cansaço... Sua fronte no meu colo pousa, serena, em descanso... Minhas mãos, Qual plumas, passeiam ávidas pelo teu corpo... Minha boca te acaricia e no mais profundo do teu ser... Vem amparar teu gozo. Sempre e mais, nos debatemos nesse desejo louco, que cresce, entumece, alaga e despe nossas almas e nos faz feliz, por ora... Com tão pouco!

Sexo,Oceano de amor.......

< Nesse poder viciante do pseudo “pecado” Incontrolável lascívia com/sem selo de aprovação Inefáveis fantasias vibrantes e preconizadas... Corretos e incorretos receptores sensoriais (...) Opulento e macio, além... dos preconceitos Sem nenhuma neblina, a mente enxerga o melhor de suas nuances Na mais ingênua fantasia, teu importante fetiche de amar Em cada dissimulado pudor, a desejável relevancia de suas matizes Cada ser tem sua definição sobre amor, recato e obscenidades Em cada olhar pudico aos prazeres, a dramatização ao seu especial valor Fascínio e repulsão são o que eterniza os desejos, fantasias e seus mistérios. Estamos mergulhados em oceano de lúbricos prazeres Na representação explicita de tudo que existe e leva a ele... A vida sob o sol do sexo, em inebriante, viciante, vibrante, alusão e encantamento.